quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

"Visão de Macho" - Complicando o Incomplicável

É impressionante como as pessoas tem uma tendência incrível de complicar o simples. Ás vezes me irrita ver nas manchetes de jornais que garotos e garotas com situação financeira estável e toda uma estrutura familiar simplesmente descambam pro lado do crime, do vício e/ou tem doenças psicológicas.

Ontem lendo o jornal vi sobre um cara que teve um surto psicótico, pegou um revólver, roubou um carro e passou a tarde fazendo merda pela cidade de São Paulo. Se escondeu no esgoto e só quando viu que a merda tava fedendo, resolveu se entregar a polícia. Vai responder sobre uma porrada de crimes e deve pegar alguns dias de cadeia. Sim alguns dias, porque ele é de berço, vai pagar o prejuízo de todo mundo e como é réu primário tem uma porrada de benefícios. Coisas do Brasil.

É notório a cambada de playboizinhos criados a leite com pêra, como diria o sábio Gil Brother, que com os carros de papai, enchem os cornos de cachaça e/ou cocaína e saem pelas ruas da cidade fazendo merda e mais merda, culminando as vezes na morte de pais de família que não tinham nada a ver com o peixe. Mas uma vez nossa leizinha ridícula tranforma em homicídio culposo uma tragédia anuciada. Li também que estão querendo endurecer a lei. Talvez até endureça, mas só até o primeiro filho de desembargador fazer a primeira merda, ser inocentado, ai abrir jurisprudência pra todo mundo, como sempre acontece com as leis do Brasil.


Vi também também sobre um grupo de adolescentes que tem uma nova moda: Autoflagelo. Estão deprimidas porque os pais dão liberdade demais, (e não repressão) e pra demonstrar sua tristeza, se cortam. Mas nem podemos comer eles no esporro, porque senão eles podem se suicidar. Suicidam-se porque tem um Xbox e queriam um Playstation 3. Porque o PC deles tem tela de 18” e não de 20”. Ou porque querem ir pra Disney. Ou porque sofrem bullying. Ou por motivo nenhum, só pra aparecer.

Sabe porque eu não entendo isso? Eu tive uma infância muito difícil. Mas muito mesmo. De comer angu com salsicha 3 ou 4 dias seguidos porque não tinha outra opção. Ou isso ou fome. E era contado. E tinham dias que o angu era mais ralo, porque tinha pouco fubá. Minha mãe ralava vendendo Yakult de porta em porta e as vezes não tinha ninguém com quem eu ficasse.

Resultado: Eu tinha que andar com ela. Depois ela fez um curso de enfermagem e muitas vezes não restava opção a não ser ficar sozinho em casa enquanto ela fazia estagio. Até ela passar em um concurso publico que melhorou nossa vida, foi tudo muito difícil. Mas nem por isso eu cresci mal resolvido ou puto da vida porque não fui pra Disney. Pelo contrario, tinha plena consciência do esforço da minha mãe que ficou grávida na adolescência e cortou um dobrado pra me fazer um homem de bem.

Só me faz concluir que o que não nos derruba nos fortalece. Nos da caráter. Nos faz encarar as dificuldades. Quando temos as coisas de mão beijada, não costumamos dar valor. E por isso sou quem sou. E não entendo essas palhaçadas mesmo. Desculpe, tá?

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